Segundo a polícia, um grupo de moradores do bairro fez uma emboscada para capturar o suspeito. De acordo com os policiais, uma mulher foi colocada como isca - próximo à passarela onde os crimes costumavam acontecer. Quando o homem atacou a mulher, os moradores amarraram e espancaram o suposto estuprador. O corpo da vítima foi encontrado nesta sexta-feira (3), mas o crime teria acontecido na quarta-feira (1º). O homem ainda não foi identificado e o corpo está no Instituto Médico Legal (IML).
Protesto
Estupro e morte. Um crime desvendado na última sexta-feira (19) trouxe à tona a revolta e o apelo dos moradores do Bairro da Paz, que fica na Avenida Paralela, em Salvador. Na tarde de sábado (20), por volta das 15h30, cerca de 200 manifestantes queimaram galhos, pneus e fecharam o trânsito da principal avenida da capital.
Em poucas horas, o cenário foi de guerra. Mais de cinco viaturas, cerca de 30 policiais, corpo de Bombeiros, gritos e cartazes. O que mais parecia era um cenário de contenção de ânimos ou de que algo grave havia acontecido, sucumbiu o verdadeiro objetivo da manifestação e o verdadeiro sentido da atitide daquelas mulheres, jovens, crianças e parentes da última vítima.
Identidade: Juvani de Jesus, 35 anos. Casada, dois filhos, trabalhava na Região Metropolitana. "Todo dia às 10h da noite ela me ligava e dizia que estava aqui na frente com as amigas. Mas aí na quinta feira deu 10, 11 e nada. Só sexta que encontrei a bolsa no matagal e corri para avisar à Base (referindo-se à Base Comunitária que fica no bairro). O que fizeram com ela niguém ia querer para seu parente. Deram golpes no coração dela, nas costas. A estupraram e machucaram todo o rosto dela. Ela se foi", relatou emocionado ao Bocão News o marido da vítima, José Carlos Pereira da Silva, 44 anos, técnico em Telecomunicações.
Em outro momento, uma moradora questiona: "Pra quê esta Base? O ponto fica no bairro de Paz. Este é o sexto estupro aqui. Estamos com medo de passar na passarela", contou. Com cartazes, os manifestantes pediam segurança e policiamento diário no local.
Os moradores disseram que o corpo foi encontrado pela família da vítima. O local oferece bastantes risco, pois é utilizado pelos bandidos para roubar e estuprar. "Ali debaixo da passarela, aquele matagal ali, onde o corpo dela foi encontrado, é o lugar mais perigoso que tem aqui, pois é ali que eles agem", explica Adriano Souza, 29 anos, sobrinho da vítima.
O Comandante da 82ª CIPM, Major César Castro, em entrevista à reportagem do Bocão News, declarou que, "A PM realiza abordagens e monitoramento no local, mas infelizmente a violência tem crescido não só em todo estado, como no país, e casos como esse terminam acontecendo, mesmo assim, continuaremos monitorando e indo em busca dos que querem tirar a tranquilidade dessa e qualquer outra comunidade da nossa região", afirma o Major.
A equipe de reportagem do Bocão News entrou em contato neste domingo (21) com a assessoria da Polícia Civil que afirmou estar investigando o caso, "assim como todos os outros. O que podemos adiantar é que a polícia trabalha com a hipótese de que quem matou Juvani a conhecia".
A reportagem também entrou em contato com a SSP que informou ao Bocão News que "a Base Comunitária está em estrutura provisória e está sendo reformado um imóvel mais para o centro do bairro onde será a base definitiva, o que pode garantir mais segurança aos moradores", afirmou a assessoria.
Ontem, enquanto - de fato, o engarrafamento gerou transtornos por cerca de três horas e atrapalhou a vida de muita gente, outros continuam hoje e, provavelmente, continuarão amanhã - a lutar para fazer jus ao nome do local que escolheram para viver.
Colaborou o repórter Tony Silva
Vídeo
Produção: Tony Silva
Imagens: Gilberto Junior // Fotógrafo Bocão News
Fonte: Bocão News